Figuras de Linguagem são recursos que tornam as mensagens que emitimos mais expressivas. Subdividem-se em figuras de som, figuras de palavras, figuras de pensamento e figuras de construção.
-As figuras de som produzem efeitos na linguagem, como por exemplo, quando há repetição de sons ou, ainda, quando se procura "imitar" sons produzidos por coisas ou seres. A onomatopeia é uma figura de som. Veja:
Ex: “O silêncio fresco despenca das árvores.
Veio de longe, das planícies altas,
Dos cerrados onde o guaxe passe rápido...
Vvvvvvv... passou.”
Que andava aborrecida
Pois dava a
sua vida
Para falar com alguém.
E estava sempre em casa
A boa velhinha,
Resmungando sozinha:
Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem..."
(Cecília Meireles)-As figuras de palavras são figuras de linguagem que consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação. veja alguns exemplos de figuras de palavras:
Comparação: Ocorre quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam,
ligados por conectivos comparativos explícitos: assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem - alguns
verbos - parecer, assemelhar-se e outros.
Ex: “Eu
faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...”
De desalento... de desencanto...”
(M. Bandeira)
Ex: Meu coração está igual a um céu cinzento.
Ex: “Meu coração é um balde despejado.”
(Fernando Pessoa)
“O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.”
(Carlos Drummond de Andrade)
"Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão."
Metonímia: É a substituição de uma palavra
por outra, quando existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que
permite essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos:
Ex: Sócrates tomou a morte. (por veneno)
-Autor pela obra:
Ex: Gosto de ouvir Caetano Veloso.
Ela aprecia ler Jorge Amado
Comprei um Portinari.
-Continente pelo conteúdo:
Ex: Antes
de sair, tomamos um cálice de licor.
No aniversário daquela atriz foram
servidos mais de vinte pratos deliciosos.
- Parte pelo todo:
Ex: A choupana não suportou quatro invernos.
Não tinha um teto onde cair morto.
-Singular pelo plural:
Ex: O homem, que é mortal,
imortaliza-se por meio de suas conquistas.
-O lugar de origem ou de produção pelo produto:
Ex: Comprei uma garrafa do legítimo porto. (O
vinho da cidade do Porto.)
Ofereceu-me um havana. (Um charuto produzido em Havana.)
Ofereceu-me um havana. (Um charuto produzido em Havana.)
-O abstrato pelo concreto:
Ex: Não
devemos contar com o seu coração. (Sentimento, sensibilidade)
A
velhice deve ser respeitada. (As pessoas
idosas.)
-O símbolo pela coisa
simbolizada:
Ex: A coroa foi disputada pelos
revolucionários. (O poder.)
Não te afastes da cruz. (O cristianismo.)
Não te afastes da cruz. (O cristianismo.)
-A matéria pelo produto:
Ex: Lento, o bronze soa. (O sino.)
Joguei
duas pratas no chapéu do mendigo. (Moedas de prata.)
Ex: Ele é um bom garfo. ( Guloso, glutão)
Ex: Vá comprar bombril no
mercadinho.
Vamos tomar uma coca-cola bem gelada.
Catacrese: É uma metáfora desgastada, tão usual que já não percebemos.
Assim, a catacrese é o emprego de uma palavra no sentido figurado por falta de
um termo próprio.
Ex: folhas de livro, pele de tomate, dente de alho, céu da boca, cabeça de prego, mão de direção, ventre da terra, asa da xícara, etc.
Ex: folhas de livro, pele de tomate, dente de alho, céu da boca, cabeça de prego, mão de direção, ventre da terra, asa da xícara, etc.
Sinestesia: interpretação sensorial,
onde fundem-se dois sentidos ou mais (olfato, visão, audição, gustação e tato).
Ex.: O sol de
outono caía com uma luz pálida e macia.
Perífrase - antonomásia: ocorre quando
utilizamos expressões especiais para falar de alguém ou de algum lugar.
Utilizamos a perífrase quando se
tratar de lugares ou animais e a antonomásia
quando se tratar de pessoas. Na linguagem coloquial, é o mesmo que apelido,
alcunha ou cognome.
“Cidade
maravilhosa (Rio de Janeiro)
Cheia de encantos mil”
Cidade-luz = Paris.
O filósofo de
Genebra (Calvino);
-As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico. Veja alguns exemplos:
Antítese: Aproximação
de palavras de sentidos opostos.
Ex: “Eu que sou cego – mas peço luzes...
Que sou pequeno, - ma só fito os Andes...”
Que sou pequeno, - ma só fito os Andes...”
(Castro
Alves)
“Quando um muro se separa, uma
ponte se une.”
“Nao existiria som se não houvesse
o silencio”
Paradoxo: Consiste numa proposição aparentemente absurda, resultante
da união de ideias contraditórias.
Ex: “Amor é fogo que arde sem doer
É um contentamento descontente
É ferida que dói e não se sente
É dor que desatina sem doer."
Apóstrofe: Figura pela qual o narrador
interrompe o discurso para dirigir-se a uma pessoa ausente ou não, a um objeto
inanimado ou a uma ideia abstrata:
Ex: “Ó mar,
porque não apagas co’a espuma de tuas vagas, de teu manto borrão?”
dizei-me, Senhor
Deus,
se é mentira ou
se é verdade
tanto horror perante
os céus.”
Eufemismo: Substituição de
uma palavra ou expressão desagradável ou áspera por outra mais amena.
Um senhor pegou seu carro sem lhe avisar
e sem a intenção de devolver!
Ele foi repousar no céu, junto ao
Pai.
Os homens públicos envergonham o
povo.
Hipérbole:
Afirmação exagerada de uma ideia.
Ex: Falei trezentas vezes para você!
Rios te correrão dos olhos, se chorares. (Olavo Bilac)
Ex: Falei trezentas vezes para você!
Rios te correrão dos olhos, se chorares. (Olavo Bilac)
Ironia: utilização de um termo com
sentido oposto ao que se quer realmente dizer.
Ex: O ministro
foi sutil como uma jamanta.
três séculos de família,
burra como uma porta:
um amor!
(Mário de Andrade)
burra como uma porta:
um amor!
(Mário de Andrade)
Personificação
ou prosopopéia: Atribuição de ações, qualidades ou sentimentos a
seres inanimados. Também a atribuição de características humanas a seres
animados constitui prosopopéia, como este exemplo de Mário Quintana: “O
peixinho (...) silencioso e levemente melancólico....”
(Chico Buarque)
“... os rios vão carregando as
queixas do caminho.”
( Raul Bopp)
-As figuras de sintaxe dizem respeito a desvios em relação à concordância entre termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões. Veja as principais:
( Raul Bopp)
-As figuras de sintaxe dizem respeito a desvios em relação à concordância entre termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões. Veja as principais:
Elipse:
Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos
identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes,
conjunções, preposições ou verbos.
Ex: “No
mar, tanta tormenta e tanto dano”.
(Camões)
“Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes.”
“Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes.”
(Camilo Castelo
Branco)
“Veio sem pinturas, em vestido leve,
sandálias coloridas.”
(Rubem Braga)
Anáfora: Ocorre anáfora quando há
repetição intencional de palavras no início de um período, frase ou verso.
Ex: “Eu quase não saio Eu quase não tenho amigo
Eu quase não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.”
(Gilberto Gil)
“Grande no
pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu
desconhecido e só”. (Rocha Lima)
Pleonasmo: quando
há repetição da mesma idéia, isto é, redundância de significado.
a) Pleonasmo
literário: É o uso de palavras redundantes para reforçar uma idéia, tanto
do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. É um recurso
estilístico que enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
Ex: “Iam vinte anos desde aquele dia Quando com os olhos eu quis ver de perto
Quanto em visão com os da saudade via.”
(Alberto de Oliveira)
“Morrerás morte vil na mão de um forte.”
(Gonçalves Dias)
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal”
(Fernando Pessoa)
b) Pleonasmo vicioso:
É o desdobramento de idéias que lá estavam implícitas em palavras
anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm
valor de reforço de uma idéia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido
real das palavras.
Ex: subir
para cima / hemorragia de sangue /entrar para dentro /monopólio exclusivo
/repetir de novo /ouvir com os ouvidos/ principal protagonista, etc
Inversão/ hipérbato: Inversão da ordem natural das palavras na frase ou de oração no período.
Ex: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante”
“Passeiam, à tarde, as belas na Avenida.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Silepse: Ocorre silepse quando a
concordância não é feita com as palavras, mas com a ideia a elas associada. É
uma concordância ideológica ou mental, afastando-se das formas normais de
concordância. A silepse pode ser:
Silepse de gênero: quando há
discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino)
“Admitindo a ideia de que eu fosse capaz de
semelhante vilania, Sua Majestade foi cruelmente injusto para comigo”
(Alexandre Herculano)
Silepse de número: Ocorre
quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural).
“Esta gente está
furiosa e com medo; por conseqüência, capazes de tudo.” (Garret)
“Corria
gente de todos lados, e gritavam.” (Mário Barreto)
Silepse de pessoa: Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal.
“A gente
não sabemos escolher presidente
A gente não sabemos tomar conta da gente.”
(Roger Rocha Moreira)
“Ambos recusamos praticar este ato.” A gente não sabemos tomar conta da gente.”
(Roger Rocha Moreira)
(Alexandre Herculano)
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