1. Texto
Segundo o dicionário Larousse (2007), texto
é o conjunto coerente e coeso de ideias, é a palavra ou conjunto de
palavras que transmite uma mensagem, que tem a intenção de comunicar
algo.
Para
Koch & Travaglia, o texto deve ser entendido como “uma unidade linguística concreta
(perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante,
escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa (contexto),
como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa
reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão.”
Outro aspecto importante é que a situação de produção de um texto sempre
supõe a existência de um interlocutor a quem ele se dirige. Interlocutor
de um texto é o leitor a quem ele se dirige preferencialmente.
Os
interlocutores sempre têm intenções muito específicas em relação ao discurso que
produzem para o outro. A essas intenções chamamos de intencionalidade
discursiva. Observe os quadrinhos e responda: Qual a intenção comunicativa
do autor do texto?
2. Contexto Outro fator importante para compreender e
interpretar bem um texto é o contexto no qual ele está inserido. Contexto é a situação
concreta a que um texto faz referência, logo todo texto tem um contexto. Ele é formado pelas relações estabelecidas
entre o conjunto de circunstâncias associadas à ocorrência de determinado fato
ou situação de que trata o texto.
Há diferentes tipos de contextos: social,
político, cultural, estético, esportivo, educacional, histórico, religioso,
ideológico, ... e sua identificação é fundamental para que se possa compreender
bem o texto, mas essa identificação vai depender do conhecimento sobre o que
está sendo abordado e as conclusões referentes ao texto.
Em
determinados textos, a informação sobre
acontecimentos passados contribui para sua compreensão. Por isso, quanto mais
variado o campo de conhecimento, mais facilidade encontrará o leitor para ler e
interpretar, pois muitas vezes é a falta de informação que
impede a compreensão de determinados textos. Observe as
imagens abaixo:
a) A que contexto se referem as imagens e a que situação específica referem-se?
Explique.
3. Intertexto (intertextualidade)
É a relação que se estabelece entre dois
textos, quando um faz referência a elementos existentes no outro. Esses
elementos podem dizer respeito ao conteúdo ou à forma. A intertextualidade pode ocorrer em
textos escritos, músicas, pinturas, filmes, novelas, como por exemplo, em textos de paródia (por excelência, intertextuais), em releituras e em
cada citação dum texto alheio e diz-se sempre que o texto mais recente utiliza
uma intertextualidade com um texto mais antigo (não ao contrário: a
intertextualidade não é recíproca). Naturalmente,
detectar uma intertextualidade depende do conhecimento do texto, portanto,
também, do conhecimento de mundo do leitor. Observe como os textos II e III fazem referência direta ao texto I:
Texto I: I Coríntios 13
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o
dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que
tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse
Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento
dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não
tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor
não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com
indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não
folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas;
havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte
conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o
que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino,
sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem,
acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas
então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como
também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes
três; mas o maior destes é o Amor.
(Bíblia, I Coríntios 13)
Texto II: Amor é fogo
Amor é fogo que
arde sem se ver;
É ferida que dói e
não se sente;
É um contentamento
descontente;
É dor que desatina
sem doer;
É um não querer
mais que bem querer;
É solitário andar
por entre a gente;
É nunca
contentar-se de contente;
É cuidar que se
ganha em se perder;
É querer estar
preso por vontade;
É servir a quem
vence, o vencedor;
É ter com quem nos
mata lealdade.
Mas como causar
pode seu favor
Nos corações
humanos amizade,
se tão contrário a
si é o mesmo Amor?
Luiz Vaz de Camões
Texto III: Monte Castelo
Ainda que eu
falasse
A língua dos homens
E falasse a língua
dos anjos
Sem amor, eu nada
seria...
É só o amor, é
só o amor
Que conhece o que é
verdade
O amor é bom, não
quer o mal
Não sente inveja Ou
se envaidece...
O amor é o fogo
Que arde sem se ver
É ferida que dói
E não se sente
É um contentamento
Descontente
É dor que desatina
sem doer...
Ainda que eu
falasse
A língua dos homens
E falasse a língua
dos anjos
Sem amor, eu nada
seria...
É um não querer
Mais que bem querer
É solitário andar
Por entre a gente
É um não
contentar-se
De contente
É cuidar que se
ganha
Em se perder...
É um estar-se preso
Por vontade
É servir a quem
vence
O vencedor
É um ter com quem
nos mata
A lealdade
Tão contrário a si
É o mesmo amor...
Estou acordado
E todos dormem,
todos dormem
Todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos
face a face
É só o amor, é só o
amor
Que conhece o que é
verdade...
Ainda que eu
falasse
A língua dos homens
E falasse a língua
dos anjos
Sem amor, eu nada
seria...
(Renato Russo – Legião Urbana,
1989)
Na literatura, e até
mesmo nas artes, a intertextualidade é persistente. Sabemos que todo texto,
seja ele literário ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente.
Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos são exemplos
de intertextualização. A intertextualidade está presente também em outras
áreas, como na pintura, também se aplica o conceito de releitura (adaptação a
uma nova cultura) e o de paródia (adaptação humorística). Observe a imagem da
Mona Lisa de Leonardo da Vinci e sua adaptação publicitária:
Na imagem, observamos uma
intertextualidade do tipo paródia, que visa tornar a imagem mais atrativa e
associa ao produto as propriedades de qualidade e perfeição que inspira o quadro
da Mona Lisa:
A intertextualidade pode
ocorrer sob as formas abaixo de:
· Paráfrase - A paráfrase consiste em refazer um texto fonte em
função de seu conteúdo. É uma categoria que abrange resumos, condensações,
atas, adaptações relatórios.
· Paródia - A paródia é a recriação de viés crítico, com
intenção cômica ou satírica. Na paródia, o texto fonte não é apenas o ponto de
partida. Ele permanece entrevisto no espaço do texto recriado, sem o que se
perde o efeito de sentido da paródia.
· Plágio - O plágio consiste na apropriação ou imitação,
essencialmente ilícita, de texto alheio. Pode ser parcial ou total,
distinguindo-se da paráfrase e da paródia por ocultar seu processo de criação.
A facilidade, criada pela internet, do acesso a textos alheios aumentou
consideravelmente a prática do plágio nos meios acadêmicos.
E para finalizar este vídeo:
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