terça-feira, 23 de maio de 2017

Figuras de Linguagem II

Figuras de construção ou sintaxe: exploram a estrutura da frase.

1. Anáfora: Ocorre quando há REPETIÇÃO INTENCIONAL de palavras no início de um período, frase ou verso.
Ex:  “ Eu quase não saio
          Eu quase não tenho amigo
          Eu quase não consigo
          Ficar na cidade sem viver contrariado.”  (Gilberto Gil)

 “Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só”.      (Rocha Lima)

Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro noturno.  (Fernando Pessoa)

2. Pleonasmo: quando há REPETIÇÃO DE UMA MESMA IDEIA, isto é, redundância de significado.

Ex: “Ele admirava menos a tela que a pintora,
        ela menos o espetáculo que o admirador, e  eu via-os com estes olhos que a terra há de  comer.” 
(Machado de Assis) 

a) Pleonasmo literário: É o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. É um recurso estilístico que enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
Ex: “Iam vinte anos desde aquele dia
       Quando com os olhos eu quis ver de perto
       Quanto em visão com os da saudade via.”   (Alberto de Oliveira)

“Morrerás morte vil na mão de um forte.”  (Gonçalves Dias)

“Ó mar salgado, quanto do teu sal
 São lágrimas de Portugal”  (Fernando Pessoa)

b) Pleonasmo vicioso:  É o desdobramento de idéias que lá estavam implícitas em palavras anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido real das palavras.
 Ex:  subir para cima / hemorragia de sangue /entrar para dentro /monopólio exclusivo /repetir de novo /ouvir com os ouvidos/ principal protagonista, etc

3. Polissíndeto: consiste na REPETIÇÃO DE CONECTIVOS ligando termos da oração ou elementos do período.
Ex: “ E sob as ondas ritmadas
          e sob as nuvens e os ventos
          e sob as pontes e sob o sarcasmo
          e sob a gosma e sob o vômito (...)”
         
        "Se era noivo, se era virgem,
          Se era alegre, se era bom,
          Não sei.
          é tarde para saber." (Carlos Drummond)

4. Assíndeto: OMISSÃO DE CONJUNÇÕES que resultam em orações justapostas, dispostas em seqüência.
Ex: “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apartando-se, fundindo-se.” (Machado de Assis)

        Veio à cidade, falou com o gerente, partiu.

5. Elipse: consiste na OMISSÃO DE TERMO FACILMENTE IDENTIFICÁVEL pelo contexto.
Ex: “Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)
        A cidade estava deserta, ninguém àquela hora na rua. (elipse do verbo estava)

     "Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas." (elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias...).

6. zeugma: consiste na OMISSÃO DE UM TERMO JÁ  EXPRESSO na frase.

Ex: Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)
       Eu queria assistir novela; ele, filme. (omissão da expressão queria assistir)

7Inversão/ hipérbato: INVERSÃO DA ORDEM NATURAL DAS PALAVRAS na frase ou no período.
 Ex: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
         De um povo heroico o brado retumbante”
                                            
“Passeiam, à tarde, as belas na Avenida.”  (Carlos Drummond de Andrade)

“Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.”    (Camões)

  Correm pelo parque as crianças da rua.

8. Anacolutoconsiste em DEIXAR UM TERMO SOLTO na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
Ex: A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.
       E a menina, para não passar a noite só, era melhor que fosse dormir na casa de uns vizinhos(...)” (Rachel de Queiroz)

9. Silepse: consiste em efetuar CONCORDÂNCIA com palavras implícitas no texto, e não com as explícitas.
Ex: E todos seguimos para o baile de formatura. (seguimos não concorda com todos, como seria o normal, mas com uma palavra pressuposta (nós).

A silepse pode ser de gênero, número ou pessoa.
- Silepse de gênero: há discordância entre os gêneros gramaticais de artigos e dos substantivos; substantivos e adjetivos, etc.

Exemplo: V. Revma. Foi escolhido para celebrar o casamento.

- Silepse de número: há discordância envolvendo o número gramatical.

Exemplo: “Ninguém quer comprar. Se ainda estamos aberto é por honra da firma.” (José J. Veiga)

- Silepse de pessoa: há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal.

Exemplo: As crianças deveis obedecer mais. (Vós deveis)

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